segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Quando o homem deixa de ser um homem segundo o coração de Deus, para ser um deus segundo o seu coração.

Se pararmos por alguns minutos, buscando entender o que levaria um homem segundo o coração de Deus, agir com cobiça, egoísmo, arrogância, traição e covardia. Ao ponto de tirar a vida de um pobre inocente, leal, submisso, que nunca havia feito nada que justificasse tanta grosseria por parte de uma pessoa somente. Olharíamos para a vida do grande rei Davi, e veríamos que o passado de um homem jamais poderá justificar o seu presente.

Conhecendo a história de Davi em sua juventude, quando ainda vivia entre as ovelhas de seu pai e sofria de certa marginalização dos seus irmãos. Encontramos nas poucas descrições da sua vida nesse período, que Davi era um jovem responsável em suas tarefas, obediente às ordens de seu pai, principalmente nos cuidados com as ovelhas. Também possuía um bom testemunho das pessoas que o conheciam e o viam, e mesmo depois que começou trabalhar fora de casa não deixou de ajudar seu pai. Resumidamente, era um jovem de grande valor.

Agora quando começamos a olhar para vida de Davi rei. Onde já não segurava mais o cajado, mas espada e lança. Também vemos que um Davi que era capaz de dar a vida por uma ovelha, agora um inocente não poderia sensibilizá-lo. Como entender um homem quando jovem chegou a ser considerado um homem segundo o coração de Deus, e agora parece mais um deus segundo seu coração.

Quando jovem Davi em todos os momentos soube reconhecer sua pequenez diante da grandeza de Deus em sua vida. O Senhor me livrou do urso, me livrou do leão, o Senhor me livrará desse incircunciso filisteu. A autoconfiança, autossuficiência, eram coisas que não faziam parte do perfil de Davi. Sua descrição no Salmo 23.4 ao reconhecer que sua segurança em meio as dificuldades provinha do Senhor, e não havia porque temer os perigos que haviam pelo caminho do vale.

Agora rei tudo mudou. Eu posso; Eu quero; Eu faço; Eu mando; Eu determino; Porque esperar no Deus que lhe foi essencial no anonimato? Agora eu sou rei. Sou popular, temido, reverenciado, a autoridade máxima do meu povo. Será que havia espaço para Deus no coração Davi ainda? Quais motivos que possivelmente levou Davi esquecer quem ele tinha sido:

1-TÍTULO - Um mal que assola o homem. Um vírus que destrói a saúde da alma. Muitos acreditam que a qualidade de uma função esta no título, e não na capacidade de fazê-la. Pessoas que fazem menção do título para serem citados em reuniões, encontros, festas e qualquer meio social no qual possa ser destacado. Paulo era um apostolo, mas somente preocupou em fazer menção do título quando alguns cristãos duvidavam de sua autoridade – como foi com os gálatas (Gl 1.1). Quando Paulo escreve aos romanos ele da mais ênfase a sua função (SERVO), que título (APÓSTOLO) para com aqueles cristãos ao saudá-los “... Paulo, servo de Jesus Cristo...” Rm 1.1. Conheço pessoas que são capazes de deixar suas crenças, conduta, moral por apenas um título e uma credencial. Talvez agora com o título de Rei Davi, o ex-soldado, ex-pastor, acreditasse que estivesse acima de tudo e todos.

2-COMODISMO – Observemos o texto de 1Sm 17.20 “Davi então se levantou de madrugada, pela manhã, e deixou as ovelhas com um guarda, e carregou-se, e partiu, como Jessé lhe ordenara...”, e depois 2Sm 11.2 “E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real...”. Podemos observar um contraste entre os dois textos, que falam da mesma pessoa. O Davi, jovem pastor de ovelhas, levanta pela madrugada bem cedo, cuida das ovelhas de seu pai, depois sai para atender um pedido de seu pai. E ele ainda tinha que trabalhar para Saul de terapeuta. Que dinamismo! Força de vontade e determinação. Mas, quando olhamos aquele Davi que não vai à guerra e envia Joabe e seus servos (2Sm 11.1) para o combate, ele está em seu leito em uma hora tarde do dia. Ocioso, resolve fazer um passeio pelo terraço do palácio, onde seus olhos são fisgados pela concupiscência, e é traído por seu coração. O que acontecera com aquele jovem? Porque pelejar! Não é mesmo? Tenho servos para fazer isso. Tenho Joabe. Esforçar para que? Quantos de nós já não fomos como este jovem Davi. Orávamos de madrugada, consagrávamos nossas vidas, dedicávamos mais a leitura da palavra, tínhamos disposição para fazer algo para Deus sem medir os esforços. Mas com tempo tudo foi ficando mais fácil, temos pessoas ao nosso lado para pelejar em nosso lugar. Tudo está favorável para que nos tornemos ociosos cada dia, e o comodismo faça parte de nossa vida.

Luciano E. Vieira

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